Células Espumosas ("Foam Cells")


Sabe-se que macrófagos, nossas células de defesa que fagocitam ("comem" os inimigos, como bactérias, mas também moléculas indesejadas) são glutonas por natureza. Não possuem o fenômeno chamado down-regulation (responder menos a partir do excesso de estímulo nos receptores), comem "até passar mal", até ficarem inchadas pelo produto que comeram - e muitas vezes até "vomitam"! - secretam o colesterol, de-estereficado, em excesso (na figura abaixo: um macrófago "entupido" de lipídeos, "L", em imagem de microscopia eletrônica de uma aorta com placa ateromatosa).


E a teoria mais comum no que diz respeito ao processo aterosclerótico é de que eles, os macrófagos, "não podem ver" um LDL circulante (especialmente um LDL oxidado) que... Nhact! Vão comendo até não mais poder, e com isso gerando uma cascata inflamatória nos vasos sanguíneos (macrófagos "comunicam" outras células inflamatórias para virem em seu auxílio), o que gera o processo inflamatório perpetuador da aterosclerose.
Faz sentido. Mas muitos novos estudos questionam essa hipótese.
O fenômeno contrário tem ganho mais adeptos: seria o excesso de glicose circulante (principalmente nos indivíduos resistentes à insulina) associada a existência de grande quantidade de grandes adipócitos (células do tecido gorduroso) a gerar estresse orgânico (grandes adipócitos sofrem, por exemplo, de uma relativa hipóxia tecidual, estressante ao tecido), produzindo uma grande quantidade de citocinas e moléculas pró-inflamatórias como resposta. 
Essas moléculas presentes na circulação gerariam uma maior oxidação das partículas de LDL, aí sim, estimulando a captura pelos macrófagos (mas já presentes num "ambiente inflamatório").
E o que é o LDL oxidado? A definição é um tanto complexa, mas envolve a peroxidação de ácidos graxos presentes na partícula, com extensão dos danos à apoproteína que o a envolve (algo que pode ser medido em laboratórios especializados), mas pode você chamar de um LDL "gasto".


Outro fator muito importante na gênese do ateroma é a glicação (a ligação não covalente de um açúcar) das proteínas em pessoas com glicemias mais elevadas. Essa alteração ocorre em muitas proteínas do organismo, inclusive nas apoproteínas e nos receptores do LDL, "atrapalhando" o reconhecimento ligação, o que termina por causar aumento do LDL circulante, fator importante para o depósito subendotelial do colesterol.

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