Corpos Cetônicos



Na maioria das vezes, quando se fala (e se pensa) em corpos cetônicos, a associação com algo ruim, a diabete (ou mais especificamente a cetoacidose diabética), faz a gente pensar que os corpos cetônicos estão aí para o nosso mal!
Mas é justamente o contrário!
Esquecendo os estados patológicos como a diabete (principalmente a diabete tipo I, onde o pâncreas praticamente zera a produção de insulina e o corpo interpreta a ausência de glicose nas células como um jejum definitivo, o que não deixa de ser verdade, apesar da glicose sanguínea estar muito elevada), em situações normais a produção dos corpos cetônicos é uma maravilhosa adaptação à sobrevivência, pois nosso estoque de glicose (glicogênio incluído) no estado de jejum não dura muito mais do que 24 horas. Estaríamos correndo sério risco de vida ao ficarmos, por exemplo, presos em um engarrafamento de muitas horas sem termos levado "lanchinho"!
A cetose adaptativa ao período de jejum livra o nosso cérebro, que sem a opção dos corpos cetônicos pereceria (o cérebro não "aceita" o ácido graxo como combustível, mas passa muito bem com os corpos cetônicos por dias a fio!).*
Beta-hidroxibutirato, principalmente, mas também acetoacetato (o produto da oxidação do primeiro) são, se você olhar bem as suas estruturas,


como uma "reserva de grupos acetil", prontas para serem transformadas na acetilCoA (no processo quase reverso da sua criação),


como fonte de energia rápida para o ciclo de Krebs (bem mais "rápida" do que os ácidos graxos, de onde a maioria dos corpos cetônicos provêm - os corpos cetônicos são produzidos no fígado, e liberados na corrente sanguínea para serem usados pelas células de todo o organismo). A acetona (o terceiro corpo cetônico) é um subproduto, e serve mais como "sinalizador" (pelo suor e hálito) de que a cetose está efetivamente ocorrendo (volátil).


(* a produção de beta-hidroxibutirato na cetose adaptativa não costuma ir muito além de 3,0 mmol/L, com quase nenhum risco de desequilíbrio ácido, enquanto na cetoacidose diabética pode chegar a cerca de 25 mmol/L, aí com níveis críticos ao funcionamento orgânico)

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