Quociente Respiratório
A análise de um simples quadrinho, do chamado quociente respiratório, nos ensina algumas coisas interessantes sobre o metabolismo.
O quociente respiratório é simplesmente a razão (divisão) entre o CO2 eliminado e o O2 consumido. Significa: quanto do oxigênio respirado utilizo para chegar à molécula final da oxidação dos nutrientes, o dióxido de carbono (lembre: oxidação é, em última análise, "enriquecer de oxigênio" ou "empobrecer de hidrogênio" moléculas complexas até suas formas mais elementares).
Seu valor máximo é 1, que significa: consigo máxima eficiência utilizando meu oxigênio (100% de CO2 resultante).
(Você poderia argumentar que o ATP é a molécula final da oxidação. Dois detalhes: o ATP não pode, como o CO2 expirado, ser medido. E depois - e mais importante - o ATP só é "produzido" em termos, pois o ADP - um fosfato a menos - já "anda" por ali, nas proximidades da crista mitocondrial "esperando" a ATPase acrescentar um fosfato de alta energia nele. Então, o resultado final da oxidação - e não o rendimento energético - é mesmo o CO2!)
Pela análise do quadro, você pode inferir:
1) Que a glicose, em termos de aproveitamento, é mais nobre (e nosso organismo já sabe!), pois aproveita 100% da molécula (não "sobra nada" até chegar à CO2), QR (ou RQ no quadro) igual a 1.
2) Que a gordura, dentre os nutrientes "de verdade" (álcool excluído) é o menos eficiente em termos de rendimento de CO2 (QR de 0,71). Consome muito do O2 para relativamente pouca produção de CO2. Gordura, você sabe, tem outras utilidades além da simples produção de energia (síntese do hormônios, por exemplo). Ela é mais energética (calorias totais), no entanto.
3) Que o álcool (não exatamente um alimento) chega perto (em termos de energia) à gordura, mas é o menos eficiente (QR de 0,66). Não deveria ser diferente com algo que não exatamente um alimento! Boa parte da oxidação resulta em metabólico tóxico.
Além do QR de cada nutriente individual, temos o quociente dos alimentos como um todo (refeição com os três macronutrientes).
Aí o que determina o valor é o momento:
Após refeição, valor perto de 1 (todo o oxigênio sendo todo utilizado pelos substratos para oxidar).
Durante o jejum: valor perto de 0,8 (ainda respiro! 100 % de O2), mas com menos formação de CO2, pois há menos substrato. Não desce a muito menos que isso, pois o organismo vai se utilizando dos substratos de reserva (glicogênio, corpos cetônicos, gorduras, proteínas).
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